Por Trás da Doença: Lúpus

Por: Ricardo Lopes

 

O Lúpus é uma doença autoimune, em que o sistema imunitário, que tem como função proteger o nosso organismo contra agentes invasores, sofre uma desregulação e ataca-se a si mesmo, provocando inflamação e alteração do sistema afetado.

Esta doença pode afetar muitos órgãos e sistemas diferentes, existindo formas muito diversas da patologia: lúpus sistémico e lúpus discóide. A primeira caracteriza-se por ser uma doença mais generalizada, que pode afetar qualquer órgão ou sistema do corpo. A segunda é uma forma de lúpus limitada à pele que pode, por vezes, evoluir para lúpus sistémico.

De forma a transmitir a experiência de alguém que sofre desta patologia, a Pharmacevtica apresenta-te o testemunho da Margarida Melo, a quem agradecemos muito por este ato de grande coragem e partilha!

 

Testemunho: Margarida Melo

Olá, sou a Margarida Melo, tenho 19 anos e aos 11, foi-me diagnosticado lúpus eritematoso sistémico.

Inicialmente, comecei por ter dores e inchaços nas articulações, principalmente tornozelos, joelhos e pulsos. Apareciam também, com muita facilidade, nódoas negras espalhadas pelas pernas. Todos estes sintomas foram persistindo e, tendo em conta que a minha mãe e avó materna possuem artrite reumatoide, fui imediatamente a uma consulta de reumatologia, onde fui observada e me prescreveram análises específicas. Após o resultado, o médico informou-me que se confirmava o diagnóstico que ele suspeitava, lúpus.

Numa primeira fase, foi complicado aceitar este problema, também provavelmente por ter sido difícil controlar e ajustar a medicação, tendo sempre um mal-estar constante, febre e dores persistentes. Dado este descontrolo, acabei por ter mesmo um “flash” da doença, o qual afetou o coração, estômago e rins, ficando internada no Hospital Pediátrico de Coimbra cerca de um mês. Durante este processo, os médicos conseguiram, finalmente, adequar a dose e medicação corretas.

Desde aí, sou acompanhada regularmente em Coimbra, onde faço sempre análises para acompanhar o desenvolvimento da doença, e assim, prevenir que não ocorram reincidências.

Atualmente, tomo medicação diária, ao pequeno-almoço, almoço e jantar. No entanto, os médicos estão a tentar reduzi-la gradualmente, até ao limite mínimo que o meu organismo permitir.

Esta doença requer cuidados redobrados, nomeadamente no que diz respeito à exposição solar e uma alimentação equilibrada. Em situações de qualquer tipo de infeção, é necessário tentar tratá-la o mais rápido possível para não deixar agravar os sintomas que depois serão mais difíceis de combater.

O lúpus, embora seja uma patologia crónica, permite uma vida praticamente normal. No meu caso, e neste momento em que a situação está estável, até me esqueço que o tenho, o que acaba por ser bom. Não vale a pena revoltarmo-nos contra a doença, temos é de aprender a saber lidar com ela.

Por fim, relativamente ao futuro e ao desenvolvimento do lúpus, confio que permanecerá “adormecido” por mais uns tempinhos, mas também acredito que os progressos na saúde e a evolução da ciência, irão garantir-me a melhor qualidade de vida possível.