Por Trás da Doença: Melanoma

Por: Ricardo Lopes

No seu estado normal, as células da pele crescem e dividem-se em novas à medida que vão sendo necessárias. Quando as mesmas envelhecem ou são danificadas, morrem naturalmente. Contudo,  defeitos nos mecanismos responsáveis pelo controlo do crescimento das células podem promover alterações no seu genoma (DNA), tornando-se células cancerígenas que não morrem quando envelhecem ou se danificam, e que produzem novas células não necessárias de forma descontrolada.

O Melanoma é então composto por melanócitos malignos. São tumores frequentemente castanhos ou pretos porque as células ainda produzem melanina. Este é o tipo de cancro de pele mais perigoso, por apresentar maior capacidade de metastização, espalhando-se com facilidade pelas veias sanguíneas e linfáticas presentes na derme a outras partes do corpo. É esta a razão principal pela qual é tão importante detetar o melanoma antes de o mesmo afetar a derme!

De modo a dar a conhecer esta patologia, a Pharmacevtica traz-te o testemunho do senhor Luís Garção, a quem agradecemos muito por toda a disponibilidade e dedicação colocada neste texto!

Testemunho: Luís Garção

Numa primeira fase era apenas uma questão estética e tinha como objetivo retirar todos os sinais salientes que tinha no corpo. Devido ao facto de ter amizade com a médica de cirurgia, solicitei que ela me retirasse a maioria dos sinais. Aparentemente não havia sinais anómalos.

Após várias insistências minhas, acabei por retirar 16 sinais, os quais foram enviados para análise, um procedimento normal nestas situações. Como não tinha sintomas, após retirar os sinais, foi um tema que acabei por nunca mais me lembrar.

Fui contactado pelo hospital, após algum tempo que não consigo precisar, para me dirigir o mais urgentemente possível ao serviço. Fui informado que os resultados já tinham chegado ao hospital e que um dos sinais tinha dado positivo como melanoma Clark III. O próprio serviço já tinha marcado um TAC para ser realizado de imediato e verificar se existiam ramificações.

A notícia foi recebida como um choque! A minha primeira reação foi questionar se eu iria morrer daquilo, qual o tratamento indicado para fazer e estatisticamente a probabilidade de sobreviver ao processo.

Após o TAC soube que não existiam ramificações e que era uma notícia muito boa. Fui reencaminhado para as consultas de urgência do IPO de Lisboa logo na semana seguinte. Nessa consulta, designada como consulta de grupo, estavam presentes 7 médicos de dermatologia. Despi-me e com um marcador foram assinalando os sinais que seriam para retirar. Fui informado que existia a necessidade emergente de fazer uma cirurgia de margem de segurança no sinal maligno que tinha sido extraído. Essa margem de segurança seria posteriormente analisada e, caso não se encontrasse células cancerígenas, em princípio não seria necessário fazer tratamento de quimioterapia.

Após algumas semanas o resultado foi negativo. Apenas tinha de ser vigiado, e durante um ano consecutivo tive de fazer consultas regulares (mensais) no IPO de Coimbra. Foi-me totalmente proibido apanhar sol durante esse ano.

Passado esse ano, passei a ter consultas semestrais. Podia já frequentar a praia, mas apenas nas horas menos críticas – 8:00 às 10:00 e depois a partir das 17:00. Utilizar sempre protetor solar (mínimo 60) e usar sempre uma t-shirt enquanto estivesse na praia. Podia ir ao banho, mas tinha de me secar sempre após o mesmo, colocar novamente protetor solar e manter-me o máximo de tempo debaixo do guarda sol.

Fui informado, durante as consultas, que o cancro de pele (melanoma) é um dos cancros mais mortífero.

Lembro-me na primeira consulta que a médica dermatologista do IPO me disse que tinha tido muita sorte pois tinha sido retirado num estágio muito prematuro. Que os sintomas poderiam nunca aparecer e que, devido ao facto de ser um Clark III de crescimento vertical, quando começasse a ter sintomas podia ser já tarde a sua reversão.

Considero-me uma pessoa com sorte.

O conselho que posso transmitir é que tenham muito cuidado com o sol que se apanha, utilizar sempre protetor solar e não estar na praia nas horas mais perigosas, denominadas a “hora do cancro”!