Utilizar as redes sociais com muita frequência não é por si só um problema, mas quando olhamos de maneira mais precisa para os momentos em que as pessoas utilizam, e de que forma as utilizam, podemos observar alguns comportamentos prejudiciais, tanto para o convívio social, quanto para questões de saúde, como o sono e a alimentação.
A alta frequência de utilização de dispositivos, como tablets, telemóveis ou computadores, em momentos em que a atenção deveria estar voltada para o relaxamento do corpo e da mente, é prejudicial à qualidade do sono.
Para além de serem um momento crucial para a nossa saúde, as refeições são também essenciais para a socialização. No entanto, num contexto de hiper conectividade, as redes sociais passaram a estar presentes também nestas ocasiões. Com a atenção voltada para o telemóvel, passamos a não prestar atenção ao que ingerimos, e às pessoas que estão à nossa volta, perdendo a oportunidade de interação e de controlo sobre a alimentação.
Já toda a gente passou por uma situação em que um amigo se desligou durante uma conversa por estar distraído com as redes sociais. Estes momentos são cada vez mais frequentes e provocam a desconexão e perda de contacto.
A utilização desses recursos tornou-se tão intensa que passou a influenciar as relações fora das próprias redes sociais. Estamos de tal forma conectados aos dispositivos digitais e acostumados a ter as nossas conversas por esta rede, que aos poucos podemos perder a capacidade de nos conectarmos pessoalmente.
Quando publicamos algo sobre nossas vidas nas redes sociais, seja um momento entre amigos e/ou familiares, uma selfie, ou um relato sobre acontecimentos do dia a dia, estamos a expor-nos. Não há nada de errado em querer ser visto, esta é uma característica básica dos seres humanos, porém, as redes sociais estão a fomentar esta necessidade.
Na ausência de outras instituições exercendo este papel, as redes sociais tornaram-se num local de autoafirmação, onde as pessoas estão sujeitas à aprovação de outros, através de likes, comentários e partilhas.
Esta procura de constante atualização ao que acontece a nível digital, pode gerar um desgaste emocional. É também importante referir a importância dos produtores de conteúdo neste contexto, dado que estes possuem a missão de manter ativos os utilizadores das redes sociais.
Apesar de entenderem que nem tudo o que vêem é real, os utilizadores continuam a seguir e consumir tudo o que é produzido. E, através desta perceção de que nem tudo é verdade, podem experienciar sentimentos negativos, como a raiva, ou tristeza.
Para além de desvantagens do uso excessivo das redes sociais, uma forma de beneficiar destas redes sociais é a utilização de grupos para debater a saúde mental de maneira mais ampla, ou até mesmo de transtornos mais específicos. Apesar de ainda não ser um recurso muito utilizado, estes grupos são espaço de partilha de experiências e de possíveis conexões pessoais, que apesar de não substituírem o acompanhamento por profissionais, ajudam a equilibrar o uso das redes.
Podemos concluir que, a maior parte dos utilizadores das redes sociais já percebeu que é necessário tomar medidas referentes à sua utilização, sendo que alguns já adotaram medidas mais “extremas” para se desconectarem, mesmo que momentaneamente. Estas medidas devem-se à elevada quantidade de tempo gasto e também ao impacto nas relações sociais.