Um movimento pode ser desencadeado por algo bastante improvável e é nisso que se baseia o movimento Movember. Durante o mês de novembro, os homens deixam crescer o seu bigode (e desafiam outros a fazer o mesmo) de forma a sensibilizar para problemas como o cancro testicular e da próstata como também a saúde mental dos homens.

A Associação dos Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (AEFFUL) não podia ficar indiferente. Assim o Departamento de Informação, Promoção e Educação para a Saúde (DIPES), juntamente com o Departamento de Relações Internacionais (DRI) e o Núcleo de Mobilidade AEFFUL, em colaboração com a International Pharmaceutical Students’ Federation (IPSF) celebraram, ao longo deste mês, esta causa sob a forma de Public Health Campaign (PHC).

Um homem morre de cancro da próstata a cada 16 minutos. Isto significa que morrem mais homens com cancro da próstata do que mulheres com cancro da mama. Para além disso, a Organização Mundial da Saúde estima que, globalmente, a cada minuto um homem comete suicídio devido a problemas mentais. Isto tudo faz com que, em média, no mundo todo, os homens morram 6 anos mais jovens do que as mulheres.

O movimento Movember pretende salientar estes e outros problemas pouco reconhecidos da saúde masculina contribuindo globalmente para que os homens desfrutem de vidas mais longas, felizes e saudáveis.

Se ficaste curioso(a) visita o site da organização Movember que desde 2003 financiou mais de 1.250 projetos de saúde em todo o mundo que têm tido um impacto duradouro na saúde masculina: https://ex.movember.com/pt/

“Tive uma infância atribulada em termos de saúde. Pneumonias e outras doenças próprias da idade não me faltaram. A partir da adolescência e até á idade de adulto, a saúde deixou de me preocupar. Considerava-me mesmo “imune” e quase nem me lembrava da minha infância complicada em termos de saúde. Os anos foram passando e com eles a minha convicção de “imunidade” foi aumentando…

Aos 54 anos tive uma surpresa desagradável: Como resultado de prática de corrida regular, comecei a urinar algumas vezes com vestígios de sangue, devido à formação de cristais de ácido úrico na bexiga que durante a corrida provocavam pequenas hemorragias.

A minha “imunidade” ficou fortemente abalada e o recurso ao médico era inadiável. Consultas, exames, o toque rectal, evidência de uma bexiga deformada, próstata hipertrofiada, possibilidade de uma intervenção cirúrgica, etc. Diagnóstico de hiperplasia  benigna da próstata. A partir daí fiz regularmente os exames de acompanhamento necessários (a vida militar me obrigava a isso).

Quando deixei o serviço ativo…deixei de fazer o acompanhamento regular. E o tempo foi passando. Só 3 anos mais tarde, por insistência do meu urologista voltei a dar atenção á minha próstata. E foi um grande choque!

De exame em exame chego á biopsia: resultado positivo! Choque, auto-convicção de “imunidade” destruída, perspetivas de uma fatalidade sem solução e a derrocada de todas as perspetivas de vida futura! Inicio as visitas ao IPO, contacto com outros doentes e sou posto perante a decisão – operar com eventuais consequências negativas ou só fazer o tratamento paliativo com os possíveis perigos de o carcinoma se “descontrolar” e poder propagar-se a outros locais do corpo. Com a ajuda do meu urologista decidi-me pelo tratamento hormonal intensivo e já lá vão 15 anos!

De alguma coisa se pode tirar desta minha experiência, será apenas na forma de um apelo: Fazer os exames à próstata a partir dos 45 anos e insistir que outros o façam. Manter-se informado, procurar ajuda, informar os familiares mais próximos, procurar o médico, fazer exercício físico (nadar ou andar a pé regularmente). Ter ocupações saudáveis – ler, ir a espetáculos, viajar, conviver em família e com amigos! Mas sobretudo, não “esconda” o seu problema nem de SI MESMO!

António Pereira Pinto (fundador da ADPP)